Havia um judeu, nascido em tarso, homem zeloso e preservador de suas tradições, seu nome era Saulo. Esse homem teve uma boa formação segundo seus costumes, era fariseu, discípulo de Gamaliel (Membro do Sinédrio judaico e doutor da Torá). Saulo se tornou o principal perseguidor de um grupo de simples judeus que diziam que o messias havia sido morto e tinha ressuscitado ao terceiro dia. Saulo pensava estar cumprindo seu dever de bom judeu, eliminando tais “perturbadores”, mas a verdade é que estava cego, e não via que perseguia a igreja do Senhor, perseguindo assim o próprio Jesus! (Atos 9. 5).
Em uma de suas investidas contra os seguidores de Jesus, Saulo se deparou com aquele que tanto perseguia. Enquanto percorria a estrada que levava a Damasco, a fim de prender os seguidores daquela suposta seita, uma grande luz brilhou e o fez cair em terra, de repente Saulo ouviu uma voz que dizia: “(...) Saulo, Saulo, por que me persegues?”.
O medo se apoderou de Saulo, dúvidas e incertezas o dominaram “Ele perguntou: Quem és tu, Senhor?” A resposta foi aterrorizante, talvez tudo que Saulo mais temia: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues”.
A verdade agora estava diante dos olhos de Saulo, o próprio Jesus aparecera a ele, que atitude tomar? O que fazer? O que vai acontecer agora? Estas perguntas talvez tenham passado pela cabeça de Saulo naquele momento, agora ele sabia que aqueles pobres judeus que ele tanto odiou estavam certos, os mesmos que ele acreditava estarem transgredindo a Lei, e blasfemando contra o seu Deus, eram na verdade mais zelosos que ele, preferindo a prisão e a morte que deixar de seguir o Messias.
Mas este verdadeiro encontro com Cristo mudou a vida de Saulo, que tomou uma decisão, deixou de ser um perseguidor para ser um seguidor de Jesus, e Deus tinha um grande plano para sua vida “Mas o Senhor lhe disse: Vai, porque este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel; pois Eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome”. Atos 9. 15 e 16.
Saulo então passou a proclamar que Jesus é realmente o filho de Deus “E logo pregava, nas sinagogas, a Jesus, afirmando que este é o filho de Deus”. Atos 9. 20.
Que grande mudança Deus fez na vida de Saulo, transformando o perseguidor dos discípulos de Jesus em um dos maiores pregadores das boas novas de Jesus! Saulo passou a ser chamado de Paulo e gastou a sua vida na missão de pregar o evangelho. “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé”. II Timóteo 4. 7.
Essa grande mudança só pode acontecer quando uma pessoa chega ao conhecimento da verdade! “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” João 8. 32.
Esta foi à pergunta feita por Pilatos a Jesus, Pilatos estava de frente com a verdade, mas seus olhos estavam vendados, não entendia a grande revelação feita por Jesus em sua rápida interrogação.
A verdade agora esta diante de nossos olhos, assim como esteve diante de Pilatos (João 18. 37 e 38). Que faremos?
Não podemos proceder como Pilatos, Deus por sua graça e misericórdia nos fez conhecer o mistério da Salvação que está em Cristo Jesus, não por sermos melhores, por que Deus não faz acepção de pessoas, mas a graça nos alcançou para que testifiquemos a respeito de Cristo e da salvação pela fé! Portanto tenhamos o mesmo sentimento de Paulo que afirmou: “Esta é uma palavra fiel, e digna de toda aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. Mas por isso alcancei misericórdia, para que em mim, que sou o principal, Jesus Cristo mostrasse toda a sua longanimidade, para exemplo dos que haviam de crer nele para a vida eterna”. I Timóteo 1. 15 e 16.
Pode alguém que realmente conheceu a verdade, e a obra redentora de Jesus, não sentir um profundo desejo de que as outras pessoas também a conheçam? Pode alguém ver uma multidão de cegos indo de encontro a um abismo, e não avisá-los do perigo?
O reconhecido escritor e missionário Oswald Smith, em seu livro “O Homem que Deus Usa”, fala sobre um episódio registrado em 2 Reis 7. 3 ao 16 passarei a descrevê-lo segundo as palavras do autor:
“É tarde. Os últimos raios do Sol desapareceram além do horizonte e não mais são vistos. O calor sufocante do dia já foi substituído pelo ar fresco da noite. As sombras compridas dos muros da cidade já desapareceram. O crepúsculo está em toda parte.
Em algum lugar desses muros ouve-se um clamor bem fraco. Talvez seja o choro de uma criança, causado pelas dores da fome, porque Samaria está sendo sitiada. Os sírios já devastaram o resto do país, e agora cercam a capital. Já se passaram dias, e a alimentação está bastante escassa. O alívio parece estar mais distante do que no princípio.
Nesta tarde quatro leprosos se acham assentados no chão fora dos muros. Tão fracos se encontram que com dificuldade se movimentam. O último pedaço de pão já foi comido. Já chegaram ao fim, pois quando a manhã aparecer, a morte será certeza. Que farão? Se entrarem na cidade nada conseguirão, nenhuma alimentação se encontra ali. Ficar onde estão significa morrer de fome. É morte se saírem! É morte se ficarem! O que farão? Não haverá alternativa? Ah, sim! Podem entregar-se aos sírios. É verdade que talvez sejam mortos. Mas também é possível que não sejam. É somente uma oportunidade, mas a vida é preciosa até aos leprosos, e resolvem tentar a sorte.
Atacam como animais do campo os montes de comida e não pensando em ninguém mais, se satisfazem. Finalmente, quando ficam saciados da terrível fome, lembram-se repentinamente dos milhares dentro da cidade que estão morrendo de fome, enquanto eles estão com abundância nas mãos.
“Então disseram uns para os outros: Não fazemos bem. Este dia é dia de boas novas, e nos calamos. Se esperarmos até a luz da manhã, algum castigo nos sobrevirá. Pelo que vamos e o anunciemos à casa do rei” (II Reis 7; 9)
Muito gratos pela boa sorte que lhes sobreveio, resolveram falar aos outros. Assim fizeram e a cidade foi salva...
É esta a ordem que Cristo Jesus deu à sua Igreja quando disse: “Ide por todo mundo e pregai o evangelho” Esta é sua vontade para todo cristão. Creio que se ele estivesse aqui, hoje, vendo milhões que ainda não ouviram falar dele, o seu apelo mais urgente seria este: “Ide falar a outros.” (SMITH, O. “O homem que Deus usa” . Editora: VIDA).
Realmente somos como aqueles leprosos, estávamos neste mundo contaminados pela lepra do pecado, famintos por comida espiritual e sem saber para onde ir.
De repente ao procurar onde não pensávamos achar, simplesmente por não saber mais aonde ir, encontramos a cura para nossa lepra, o sangue de Jesus que nos purifica de todo pecado “Se, porém, andarmos na luz, como ele esta na luz, mantemos comunhão uns com os outros e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado” João 1. 7.
E também o alimento espiritual para nossas vidas. “Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede”. João 6. 35 (ler também: Mateus 4. 4)
Gloria a Deus por todas as coisas!
Devemos ter a mesma consciência dos leprosos que disseram: “Não fazemos bem. Este dia é dia de boas novas, e nos calamos”.
E de igual forma a mesma atitude: “Pelo que vamos e o anunciemos...”.
Agora que chegamos ao conhecimento da verdade, qual será a nossa atitude diante desse fato? Já perguntava o compositor cristão Simon Lundgren no conhecido hino “Despertar para o trabalho” da Harpa Cristã:
Posso tendo as mãos vazias,
Com Jesus eu me encontrar?
Muitos estão perdidos sem saber para onde ir: “Perguntou-lhe Pilatos: que é a verdade...” João 18.38.
Pense nisso meu amado irmão, e sejamos anunciadores da verdade! “Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” João 14.6.